sexta-feira, 3 de junho de 2011

CONVIDADO NO SAMBA DE SILAS!!

É isso aí, parceiros! Hoje tem gente boa aqui no Samba de Silas falando um pouco sobre nosso Mestre Silas de Oliveira.
Esse espaço será sempre aberto para receber o pessoal da música, das artes, da história, enfim... da vida, para falar de Silas!
E hoje, nosso convidado é o músico e compositor paulista Renato Martins. Lindo texto! Valeu parceiro!!!


Silas e os meus delírios.

Tinha eu ainda poucos anos de praia, quando saquei, assim meio como as crianças sacam, quando os porquês da vida são ainda carregados de pura ingenuidade, que toda festa em casa nos churrascos do meu pai, em natais, em ano novo, em aniversários e velórios, uma música era constante. Meu mau humor infantil subia às nuvens quando essa música rolava. Eu, como qualquer garoto da década de 80 queria ouvir a Turma do Balão Mágico, o disco do Jaspion, o Trem da Alegria, e meu pai – principalmente de caveira cheia – cismava em colocar a música para o meu tormento. Dizia ele, com uma paciência para a vida que eu, confesso, herdei: “- Isso é música boa. Você tem que gostar é disso...”
Deu na cabeça, no alto dos meus 14 anos, de perambular por aí cantarolando o Paulinho, acendendo a memória – “Seu doutor, o meu pai tinha razão...”
Aquarela Brasileira” sobrevoou  a minha infância na versão clássica do Martinho da Vila que em casa só tocava menos que Jhonny Rivers e “Os Folhas”... Mas isso é outra história.

Já adulto, vibrou na imaginação a imagem das cortinas da Serrinha se abrindo quando ele cantava “És a luz da minha vida...” e outros tantos sambas compostos por ele igualmente imortais.

Mas quem é ele? Quem é o genial autor, com a legitimidade que apenas os autores populares têm, com a simplicidade que apenas os gênios podem atingir, com a verdade que só quem canta para o povo pode trazer e que não consta em nenhum bronze de homenagem? Que não está nas páginas dos livros escolares, não figura nos quadros dos exemplos a serem seguidos e que hoje é, para a nuvem negra que paira sobre a indústria cultural, algo a ser esquecido, afastado.

Vamos deixar de lado todas as deturpações do carnaval das Escolas. Vamos abandonar tudo o que nos foi legado pelos grandes mestres do passado. Abandonemos também a história e busquemos a evolução desenfreada, burra, mal pensada e eteceteras...
Façamos tudo isso e jamais, vejam bem, jamais conseguirá se apagar o histórico do genial Silas de Oliveira.
Silas tem as mãos de quem recria, de quem transforma, e fez isso quando reinventou a forma de contar história na avenida, quando a avenida ainda era passeio público para o folião.
Silas estourou nos tímpanos da ditadura quando a Serrinha desceu cantando “Já raiou a liberdade, a liberdade já raiou...” em pleno jorramento de sangue de 1969.

Silas era professor. Silas era mestre de batuta em riste todo o tempo.
E é triste todo folião antigo, quando no auto do saudosismo, treme a cortina na quarta-feira para ouvir o seu cantor que não vêm.
Mas ele vem. Ele tá passando...

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