quinta-feira, 17 de novembro de 2011

VOLTAMOS!!!!!

Estamos de volta!!! 
Por algumas semanas ficamos afastados do blog por conta da "licença paternidade e maternidade"(rs...) Nara, nossa filha, nasceu, é saudável e muito linda! E pra comemorar, escolhemos um texto muito bonito de André Lara, músico e neto de Ivone Lara!
E vamos "simbora" porque temos muito o que falar de Silas de Oliveira ainda!
Abraços,
Junior de Oliveira e Carol Gallego


Quando a voz do poeta calou


“Silas, por nós tu não terias ido agora”. Silas de oliveira Assumpção, sambista, ex-combatente na Segunda Guerra Mundial, jongueiro, pai de família, exemplo pra todos os poetas, deixou seu legado imortal que viaja no antigo e no contemporâneo, na melodia complexa e no verso fenomenal, na malandragem e na seriedade, no culto e no popular. É, a meu ver, o “poeta dos poetas”. Qual compositor nunca tomou um gole de Silas de Oliveira?

Tempos atrás, com 10 anos de idade, lembro o lançamento do livro da grande escritora e defensora do samba, Marília Barbosa, que, na ocasião, presenteou minha avó e minha mãe com a obra: “Silas de Oliveira – Do jongo ao samba enredo’. Oito anos depois, comecei a ler e me interessar pelo pressuposto teórico do livro que me levou a devorar toda dissertação em uma semana.

Mais curioso ainda, fui à fonte mais próxima de casa para saber um pouco mais sobre a vida do tal Silas de Oliveira, que eu, ainda um ignorante no mundo do samba procurava conhecer. Minha avó, sempre acolhedora, me contou um fato que até hoje explano para meu grande amigo Junior de Oliveira: “Cinco bailes da história do Rio”, parceria de Dona Yvonne Lara com Silas de Oliveira e Bacalhau, foi um marco na carreira da minha avó, por lhe impor muito respeito no espaço ainda seleto do samba.

Não satisfeito, pedi que me contasse mais e ela, emocionada, disse que Silas morreu cantando no show que se intitulava “samba da intimidade”, onde não só ela, mas muitos sambistas estavam presentes. Logo depois de cantar “heróis da liberdade”, Silas começou a interpretar os “Cinco bailes da história do Rio” e, no meio de uma de suas melhores apresentações, veio a falecer. Sempre me arrepio toda vez que conto essa história! Mas voltando... No mesmo dia, minha avó e Délcio Carvalho, que tinham acabado de se conhecer, começaram lá mesmo sua primeira parceria, finalizada em Inhaúma, já pelas 7 h da manhã. O resultado desse encontro foi o samba que eu só conheci uns anos atrás: “Derradeira Melodia”, em homenagem ao grande mestre:

LARAI Á LARAI Á LARAIÁ LAIÁ

QUANDO A VOZ DO POETA CALOU
A NATUREZA CHOROU FORTE
E SEU PRANTO BATENDO NO CHÃO PARECIA
ACOMPANHAR A DERRADEIRA MELODIA
QUE AINDA PAIRAVA PELO AR
ERA SAMBA FIRMAR
COM PUREZA E MAGIA

AO ERGUER A MINHA TAÇA
COM EUFORIA
NINGUÉM HÁ DE ESQUEÇER
O SEU PRANTO DE RAÇA
QUE O POETA ENTOAVA
COM TODA HARMONIA
E O SAMBISTA ASSIM CANTOU
CAUSANDO TANTA EMOÇÃO
MAS SUA ARTE A DE FICAR DE PÉ
DENTRO DO NOSSO CORAÇÃO

LARAI Á LARAI Á LARAIÁ LAIÁ