No fim da década de 60, Silas já estava desanimado com sua escola Império Serrano e com os rumos do carnaval carioca, as coisas já não eram como antes, com toda a exaltação à cultura brasileira... agora o dinheiro falava mais alto.
Assim, nos últimos anos de vida, Silas passou a preferir as rodas de samba onde o ambiente era mais tranquilo e vivia se queixando de que tinha muito canalha dentro das escolas de samba, o que era de se estranhar, pois o poeta não costumava ter este palavreado.
No dia 20 de maio de 1972, o velho Silas estava angariando dinheiro entre os amigos para matricular sua filha Elenice no vestibular. Tentara conseguir, em vão, um adiantamento de 30 Cruzeiros em sua editora, Irmãos Vitale. O samba Heróis da Liberdade de sua autoria, estava sendo regravado, com sucesso, mas a empresa achou que a quantia pedida era muito alta.
Silas então resolveu ir a uma roda de samba que pagaria a quantia de que tanto necessitava naquele momento e mesmo se sentindo mal arrumou-se e foi. Naquela noite, ele, que era cantor tímido, que estava aparentemente ótimo, colocando com precisão e emoção sua voz para surpresa e deleite do público. Caía uma fina garoa no terreiro quanto o velho Silas sentiu que ia morrer... Feito bamba de verdade, no terreiro de samba, sem tempo para os médicos.
O convidado especial daquela noite morreu depois de cantar seus lindos sambas Meu drama, Heróis da Liberdade e por último Os cinco bailes da história do Rio...
Quando o corpo, levado pelos sambistas amigos, chegou à Associação das Escolas de Samba, lá estava chegando também uma coroa de 1.000 Cruzeiros: "Saudades Eternas dos Irmãos Vitale."
(Fonte: Nova História da Música Popular Brasileira, 2.ed., 1977. Adaptado por Carolina Gallego)