quinta-feira, 14 de julho de 2011

Jornalista Daniel Brunet conta um pouco sobre SILAS DE OLIVEIRA...

O jovem e talentoso jornalista de "O Globo", Daniel Brunet, nos deu a honra de sua presença através de um texto maravilhoso!!!! Confiram...



Ouvindo Silas
                                                                                                Por Daniel Brunet


Falar de Silas de Oliveira é complicado para quem nasceu dez anos depois de sua morte. Talvez a maioria das pessoas da minha geração tenha "conhecido" Silas ao ouvir "Aquarela brasileira".
"Legal a música. Quem fez?. Silas de Oliveira? Bom saber..."

Foi assim. E o que mais me impressionou nessa descoberta foi a data da composição: 1964!
Pensei: "só um samba muito bom atravessa décadas". A partir daí quebrei uma ilusão que carregava, de que coisa boa era coisa nova, moderna.
Passei a ouvir mais, "Aquarela brasileira" e tantas outras obras do grande mestre do Império Serrano, como a bela "Meu drama", samba que emociona quem vive de roda em roda. E assim fui conhecendo Silas de Oliveira.

No final da década de 60, veja só, Silas foi um dos que criticava a nova forma de fazer samba, com o andamento mais acelerado. Talvez, se vivo estivesse hoje, faria o mesmo comentário que ouvi de Monarco, no último dia 21 de junho, num debate no CCBB, no Rio.

Ao ser perguntado sobre o samba-enredo de hoje em dia, o baluarte foi econômico: "Não é pra mim, não. Mas apoio a rapaziada que tá fazendo".

E ao falar de grandes sambas-enredo, citou, claro, Silas de Olveira, sem poupar elogios. Contou uma história que espero lembrar pra sempre. Um lado de Silas de Oliveira que ainda não tinha ouvido ninguém falar. Bem, Monarco contou:

"Eu adorava ficar ao lado do Silas quando ele estava bêbado. Era impressionante, pois ele gostava de ficar falando, falando. E falava umas palavras que eu nunca tinha ouvido antes, não sabia o que significavam. Mas o Silas sabia, era muito inteligente. Fazia samba como ninguém; era bom de letra e bom de melodia".

A inteligência, conhecimento e sabedoria, Silas derramou em seus sambas. São herança deste mestre, herança que pode ser desfrutada até por quem não leva Oliveira no nome, mas carrega no peito o mesmo amor pelo ritmo que o consagrou. Suas obras resistem às décadas, porque Silas, mesmo sem saber, não fazia apenas música, produzia clássicos. E este espaço virtual que agora surge cumpre um papel muito importante. O de dar às futuras gerações a chance de conhecer as linhas deste que foi o grande escultor de samba-enredo do Rio.

Depois de ouvir os relatos de Monarco deixei o CCBB com a certeza de que, seja sóbrio ou embriagado, é sempre muito bom ouvir Silas de Oliveira

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